A artista amazonense Keila Sankofa recebeu o prêmio Aquisição no 13º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, realizado em Belém, no Pará. A instalação ‘Alexandrina – Um relâmpago’ e outros 5 artistas e coletivos nacionais foram premiados nessa categoria.
A instalação da obra se tornou pública e ficará aberta em exposição até o fim do evento no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas Rua Siqueira Mendes, s/n – Cidade Velha, em Belém.
Para Keila, esse prêmio é um reconhecimento público, mas os resultados do projeto Direito à Memória – Outras Narrativas já reverberam nos discursos e olhares da cidade sobre sua população negra.
“É essencial reconhecer as pessoas negras da Amazônia como produtores de conhecimento. Receber esse prêmio é o resultado da minha trajetória de muitos anos de investigação e produção artística”, disse.
A obra conta audaciosamente a história de uma mulher preta do século XIX. Mas não de qualquer forma. Keila traz a obra em primeira pessoa utilizando fatos históricos, informações ancestrais para fabular uma contação de poder e reavivamento. “Alexandrina, que passou na terra como um relâmpago hoje vive através de fotos de performance, e uma obra audiovisual incrível”, explica a artista.
‘Alexandrina – Um relâmpago’ é uma das etapas do projeto Direito à Memória – Outras Narrativas, uma pesquisa que revindica memória de pessoas negras da Amazônia. Essa proposta percorre um lugar de não-ficção, materializando-se como fotos e linguagem cinematográfica em uma instalação constituída de fotografias, áudio e vídeo.
“Filha de negros escravizados, nascida livre, Alexandrina é a primeira figura que entra na pesquisa do projeto, sendo ela um vulto histórico que existiu no século XIX. O relato sobre ela traz termos racistas e pejorativos, mas ao mesmo tempo reconhece suas habilidades. É por esse motivo que renascer-lá para recontar sua história é algo potente. Mexer no passado revivendo alguém que atravessou ele destemidamente, é essencial para refletir o agora e as imagens que são produzidas por pessoas pretas”, conta Keila.
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